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Foto do escritorRebeca Possel

O Impacto do Percloroetileno - PCE na Califórnia, EUA

Foi publicada em setembro de 2023 no The Sacramento Bee, jornal diário da cidade de Sacramento, um relatório sobre a ameaça ambiental e à saúde pública da contaminação por percloroetileno (PCE), também chamado de tetracloroetileno (TCE), no estado norte-americano da Califórnia.


O PCE é uma substância classificada como provável cancerígeno humano pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), utilizado para desengraxe e manutenção de equipamentos, peças e ferramentas, na indústria têxtil, em lavanderias de lavagem a seco (para limpeza de vestidos, ternos e outras peças delicadas), e em outros produtos como removedores de tinta e limpadores de madeiras.


No Estado da Califórnia existem pelo menos 7.500 lavanderias de lavagem a seco, algumas já fechadas há bastante tempo. Estima-se que pelo menos 75% delas contaminaram as águas subterrâneas e solo por meio da disposição inadequada de efluentes e resíduos das máquinas, antes do desenvolvimento de melhores equipamentos e normas regulamentadoras.


As atividades de lavanderia a seco com percloroetileno ocorrem no estado desde 1940 e desde 1990 as autoridades da Califórnia possuem conhecimento sobre a enorme extensão da poluição e risco à saúde pública no estado, decorrente do uso de PCE.

Máquinas de lavagem a seco na Califórnia. Crédito da imagem: Mackenzie Shuman.

Nas águas subterrâneas da cidade de South Lake Tahoe foram encontrados níveis 1.000 vezes acima do permitido pela Agência de Proteção Ambiental dos EUA (5 μg/L). A nível de comparação, no Brasil o limite permitido pela Portaria GM/MS 888, que estabelece o padrão de potabilidade de água para consumo humano, é 8 vezes maior, 40 μg/L.


A pluma de contaminação nessa cidade se espalhou durante a década de 1970, a partir de apenas duas lavanderias e uma oficina mecânica (que utilizava desengraxante com PCE) e se estende por cerca de 1,5 km, atingindo poços subterrâneos que antes eram utilizados para abastecimento da cidade. Outros poços contaminados continuam em operação e fornecem água para a população, porém, com tratamento.

Vista do Lago Tahoe, em South Lake Tahoe, em julho. Crédito da imagem: Hector Amezcua.

Em 1992, após um relatório da do Conselho Regional de Controle da Qualidade da Água no Vale Central, o estado tomou medidas para eliminar gradualmente o uso de PCE nas lavanderias. A partir do dia 1° de janeiro de 2023, o uso do percloroetileno nas máquinas de lavagem a seco foi proibido na Califórnia.


Além disso, por meio de um projeto de lei do Senado, aprovado em 2021, 152 milhões de dólares foram destinados a investigação da contaminação por PCE em comunidades desfavorecidas.


O conselho estadual de água também possui um fundo de cerca de 34 milhões de dólares por ano para remediação das plumas de contaminação, financiado por meio de uma taxa de 2 centavos cobrada por galão dos postos de gasolina pelo armazenamento subterrâneo de petróleo.


Cerca de 700 áreas de lavanderias de lavagem a seco estão sendo remediadas e 325 já foram finalizadas, com serviços de extração de vapores, bombeamento e tratamento e remoção do solo contaminado. Porém, apesar de tais ações serem um bom primeiro passo, com o atual financiamento anual, poderá levar de 220 a 2.941 anos para identificar e remediar as demais áreas.


No Brasil ainda é permitido o uso de PCE nas lavanderias de lavagem a seco, entretanto, a Resolução-RDC n° 161 de 2004 da ANVISA, estabelece medidas de controle e fiscalização para reduzir a exposição da população aos riscos do percloroetileno à saúde.


Para uma compreensão aprofundada dos impactos do percloroetileno na Califórnia e a urgência da situação, convidamos você a ler o artigo completo no The Sacramento Bee. Clique aqui para acessar o relatório na íntegra.



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